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Cresce o número de pessoas que usam o Fundo de Garantia para construir

12/09/2017 - 16:41 - Fonte: A Notícia

Joinville - Todos os meses, o engenheiro Rogério Aparecido Schio, 33 anos, gastava um quinto do salário em aluguel. Para por um fim a essa situação, guardou dinheiro para comprar o próprio apartamento. Juntou R$ 70 mil, mas ainda faltavam R$ 16 mil para quitar o valor total e não precisar pagar prestações de um empréstimo. Ao constatar que precisaria de mais dinheiro, não teve dúvidas: sacou parte do que tinha no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o utilizou para bancar o que faltava da casa. O que Schio fez, milhares de brasileiros fazem todos os anos. Em Santa Catarina, a Caixa Econômica Federal liberou R$ 96 milhões do FGTS nos primeiros dez meses do ano. A Caixa espera que o total de liberações em 2004 seja até 25% maior do que no passado." Nem cogitei outra solução", diz. "A empresa onde trabalho nos mantém atualizado sobre o uso que podemos fazer do FGTS . Sabia que podia pegar apenas uma parte e assim fiz. Hoje não tenho mais dívidas". Aquisição, construção ou reforma de casa própria é uma das utilizações possíveis para o FGTS - dinheiro que os empregadores depositam todos os meses num fundo, que pode ser sacado pelos trabalhadores em casos especiais, com demissão sem justa causa, aposentadoria, doenças graves como Aids ou câncer, aposentadoria ou calamidade pública que tenha afetado a residência do trabalhador. De acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o déficit habitacional em Santa Catarina é de R$ 120 mil residências. Porém um estudo divulgado no ano passado pela Companhia de Habitação de Santa Catarina (Cohab) estima em 158.878 o déficit de moradias no Estado. Faltariam, segundo o órgão estadual 125.036 moradias nas cidades e 33.842 no campo. Incentivos O uso de recursos do FGTS para esses fins é cada vez mais comum, como mostra a evolução das liberações no Estado e no País. E, segundo analistas de mercado, o setor de construção civil ainda deve receber mais incentivos do governo, já que é um dos pilares da economia do Brasil. "É de se esperar que o governo incentive a construção civil", afirma Rafael Silva Costa, da Somma Investimentos. "Trata-se de um setor que ainda não cresceu o quanto se esperava neste ano". Em um desses movimentos, o Banco Central elevou de 1% para 2% a fração mensal do Fundo de Compensação das Variações Salariais (FCVS) destinada à construção civil. Esses recursos, provenientes de depósitos em cadernetas de poupança, resultarão em até R$ 12 bilhões disponíveis para os bancos privados emprestarem a quem quiser fazer financiamentos imobiliários. O presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Décio Tenerello, explica que a expectativa é de que os bancos privados liberem cerca de R$ 4 bilhões em 2005, o que significará um crescimento de 30% em relação aos R$ 3 bilhões financiados neste ano. "O restante ficará no caixa dos bancos, porque o consumir ainda não tem condições de contrair empréstimos", afirma Tenerello.